domingo, 4 de outubro de 2015

E se Tim Maia estivesse vivo?

divulgação/wiki© Fornecido por Billboard divulgação/wiki
Por Marcos Lauro
Esse texto trata-se de ficção. Caso você ache que qualquer trecho dele corresponda à verdade, procure um médico.
Um exercício: o que alguns nomes importantes da música brasileira estariam fazendo se ainda estivessem vivos?
Chico Science – estaria com 49 anos. Com a fórmula do maguebit já desgastada, Chico Science faria experimentações com música eletrônica. Seu som seria menos parecido com o que a Nação Zumbi desenvolveu. Science seria ainda um dos nomes brasileiros mais conhecidos lá fora. Will.I.Am e o Black Eyed Peas, em vez de procurar Sergio Mendes para releituras da bossa nova, chegaria em Science para regravar suas músicas em versões mais pop, para as pistas. Em vez de “Mas que Nada”, teríamos Chico Science e Will.I.Am regravando “Maracatu Atômico”.
Todas as bandas que pegaram carona no manguebit ficariam rapidamente defasadas devido as novas criações de Science. Ele próprio faria questão de deixar bem claro que o movimento foi importante mas faz parte do passado. “Modernizar o passado é uma evolução musical”, lembraria ele a frase presente em seu primeiro disco.
Elis Regina – com 70 anos, consagrada e com vários tributos recebidos ainda em vida, Elis não teria nada a provar para ninguém. Por isso, ia arriscar. Principalmente em relação a compositores. Elis sempre teve uma sensibilidade muito grande para escolher compositores e agora não seria diferente.  Os duetos com vozes masculinas também seriam a marca da carreira de Elis: “Elis e Cauby”, “Elis e Chico”, “Elis e Milton” e o mais recente “Elis e Jeneci” fariam parte da sua discografia.
Intensa como sempre foi, continuaria abraçando causas equivocadas, assim como fez no episódio da passeata contra a guitarra elétrica. Vendo o avanço dos downloads ilegais, Elis encabeçaria o “Movimento contra a Internet”, mas logo depois cairia na real.
Nos anos 1990, iria inaugurar o movimento “drum ‘n’ bossa” com os DJs Patife e Marky. Sucessos da Bossa Nova e do seu repertório seriam regravados com batidas de drum ‘n’ bass. Isso viraria uma onda ainda maior do que o que realmente aconteceu.
Elis, até hoje, manteria o esquema de temporada em seus shows. Seria a única artista a fazer um mês de shows, de quinta a domingo, em teatros.
Cazuza – Desbocado, provocador… nem seus 57 anos dariam um jeito nesse rapaz. O primeiro beijo gay em clipe nacional, entrevistas bombásticas e sem meias-palavras, discos bem produzidos voltados para o samba e a MPB… tudo isso faria parte da sua carreira.
O rompimento com o Barão Vermelho, ainda nos anos 1980, seria definitivo: rock nunca mais. O repertório de Cazuza passearia pelo samba clássico e também por alguns novos compositores.  Causas como a união civil e a adoção por parte de casais do mesmo sexo teriam um defensor fervoroso, desses de ir a protestos na rua e tudo mais.
Tim Maia – a primeira coisa que ele iria fazer assim que adentrasse nos anos 1990 seria se livrar da sonoridade dos teclados, que deu a ele um ar de cantor de churrascaria na década de 1980. Depois, com o groove reestabelecido, Tim Maia faria uma série premiadíssima de discos, todos dedicados ao samba-soul e ao funk clássico.
Faria as pazes com o Roberto Carlos (não que eles tenham brigado, mas Tim Maia era assim… sem nem saber como e porque, ele estava de mal) e escreveria mais uma letra para o Rei. O resultado, claro, seria igual ao de “Não Vou ficar”: ele ia achar a gravação do Roberto muito sem sal e, dois anos depois, gravaris sua própria versão para a música.
Irreverente e mais magro aos 73 anos, teria um quadro de humor no Fantástico, destilando frases de efeito como sempre. E romperia seu contrato dois meses depois, com o quadro ainda com um estrondoso sucesso.
E tentaria entrar na justiça contra uma operadora de telefonia celular que, segundo ele, usa seu nome para ganhar clientes.

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